Genética leiteira em alta

Genética leiteira em alta

A venda de animais melhoradores continua aquecida, com
valorização de várias raças tanto em leilões quanto dentro da porteira

 demanda pela genética das raças leiteiras vem se mantendo forte em 2020. A venda de animais melhoradores e de material genético ficou acima do ano passado. Conforme mostra o Index da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA), os números das vendas de sêmen das raças leiteiras foram crescentes a cada trimestre, sendo no primeiro, 4%; no segundo, 15%; e 18% no terceiro trimestre.  Isso representa uma venda de 3.969.447 doses, contraponto às 3.526.666 doses do mesmo período de 2019. 

O relatório também apontou que, de janeiro a setembro deste ano, foram coletadas produzidas 1.773.599 doses contra as 1.328.855 doses do mesmo período de 2019. “A cada nova edição do Index Asbia, estamos seguros em afirmar que o produtor de leite realmente acordou para o impacto do melhoramento genético na sua atividade. A genética é o único insumo permanente, de elevado custo-benefício e que atua ao mesmo tempo pelo aumento da produção e pela redução de custos”, afirma o presidente da associação, Márcio Nery.  Segundo ele, somando leite e corte, 2020 deve fechar com a marca histórica de 25 milhões de doses de sêmen vendidas.

Os pecuaristas também sentem porteira adentro esse aquecimento do mercado. “A procura por machos Guzolando aqui no Espírito Santo é muito grande por conta da velocidade de ganho de peso e da qualidade da carcaça desses animais. A venda de fêmeas também está aquecida, pois elas permitem uma boa produção de leite seja a pasto ou em confinamento”, atesta o criador Carlos Fontenelle, da fazenda Fontenelle, localizada no Baixo Guandu/ES.

Ele seleciona Guzolando há 20 anos, cruzamento produzido a partir da própria base genética de Guzerá. A fazenda Fontenelle é detentora do maior rebanho Guzolando registrado pela ABCZ. Como o foco é a produção de genética, todos os animais são vendidos logo após a desmama. “O índice de recompra é alto. Isso comprova a aceitação que o Guzolando tem no mercado”, reforça. Resultado que o criador credita em parte à dupla aptidão do Guzerá. 

Segundo criador Dalton Canabrava Filho, que comanda a fazenda Central Leite, em Curvelo/MG, mercado não falta para o Guzolando. “É preciso ter animais em maior escala para atender o mercado, pois quem compra Guzolando não quer saber mais de outro cruzamento. A rentabilidade é muito boa”, garante Canabrava. São do criatório os primeiros touros Guzolando registrados pela ABCZ. 

O rebanho da Central Leite é composto por animais de várias composições raciais dentro do Guzolando, formados a partir de uma genética leiteira de Guzerá e Holandês selecionada de forma criteriosa. “O Guzerá fornece adaptabilidade, rusticidade, bons úberes, boa estrutura e conformação ao Guzolando. São fêmeas muito longevas e que vão registrando um aumento nas lactações a partir da segunda cria. No meu rebanho, a média por lactação está acima de 7 mil kg em 305 dias nas CCG 1/2 e acima de 5 mil kg nas ¼. Tudo isso garante uma rentabilidade maior ao negócio pecuário”, assegura o criador. 

A criadora Mila de Carvalho Laurindo e Campos, da Fazenda Recreio, no município de São José de Ubá/RJ, também vivencia a valorização da genética leiteira em 2020. Com um rebanho composto das raças Gir, Guzerá, Guzolando e Girolando, ela destaca que a seleção criteriosa dos bovinos e os constantes investimentos em melhoramento genético têm garantido a produção de animais de cada vez mais produtivos e eficientes. Uma das ferramentas mais tradicionais e simples para quem faz seleção de animais leiteiros, o Controle Leiteiro é realizado desde a década de 1940 na quando quem tocava o negócio era o senhor Joaquim, avô de Mila. “É uma ferramenta a mais no processo de seleção, uma vez que possibilita identificar os animais mais produtivos e também avaliar a qualidade do leite produzido. Unimos essas informações as obtidas em outras ferramentas, como por exemplo a genômica e o Teste de Progênie”, diz Mila. Vários reprodutores da Recreio participam da prova zootécnica que avalia os touros. A fazenda também genotipa seus animais. 

Leilões e vendas de animais

Conhecedor experiente do mercado pecuário leiteiro, o CEO do Grupo MF Rural, Roberto Lucas, afirma que essa tendência de alta nos preços dos animais confirmada em 2020 deve se manter em 2021. “O mercado de gado de leite esse ano foi muito bom. Houve o susto inicial da pandemia em março, mas dias depois o mercado se mostrou consistente. Tivemos até agora um aumento de 43% em valores dos animais ofertados pela plataforma da MF Leilões. Já em relação ao número de animais ofertados e vendidos tivemos um crescimento de 51% comparado ao mesmo período de 2019”, informa Lucas.

De acordo com o CEO do Grupo MF Rural, como o mercado de leite está consistente, esta é a hora de investir na pecuária leiteira para colher bons frutos nos anos que virão.

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